sábado, 9 de maio de 2009

Primeira Poesia

Esta foi uma das primeiras poesias que li em minha vida. Na hora do recreio, no colégio, sempre sem amigas, tímida demais, refugiava-me no local mais seguro - a biblioteca - onde não podia-se falar alto, rir alto ou brincar... Lá era o "meu" lugar. Os livros sempre me abriam os braços e me protegiam. Eles foram, durante muito tempo, os meus melhores amigos!
Graças à Internet, redescobri este poema. Chorei... de alegria, de emoção, de saudade de um tempo em que eu não me sentia feliz, mas talvez fosse e não sabia. Saudade do meu colégio.
















A Flor e a Fonte
(Vicente de Carvalho)

"Deixa-me, fonte!" Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.

"Deixa-me, deixa-me, fonte!"
Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".

E a fonte, rá¡pida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Cai­das do azul do céu!...

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.

"Adeus, sombra das ramadas,
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr do sol;

"Carí­cia das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!..."

As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...

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